Depois das férias grandes, milhares de alunos portugueses (re)começam este mês mais um ano de novos conhecimentos, descobertas e amizades. Levarão nas mochilas estojos e canetas, lápis e borrachas, réguas e esquadros (ou aristos, se preferirem), livros e cadernos. Mas não só.
Trazem também a sede de brincar e aprender própria de quem vive num mundo de bits e bytes, de jogos e vídeos online, de mensagens e murais digitais. Mesmo antes de entrarem na escola, muitas das crianças e jovens de hoje já sabem o que fazer diante de um ecrã e de um teclado.
Foi não só, mas também para elas que em 2008 foi criado um dispositivo de registo e comunicação adequado às salas de aula de hoje e de amanhã. Não apenas um substituto “de ponta” para o quadro de ardósia de sempre, mas algo que expandisse o seu potencial enquanto interface de aprendizagem – a longo prazo. Este novo “quadro em rede”, ou quadro interactivo, chama-se Netboard.
Na verdade, esta é uma peça de mobiliário como outras que a Nautilus, uma empresa de Gondomar, produz para escolas, lares de idosos, museus, bibliotecas e igrejas desde 1996. Não pertence a uma tipologia conhecida, como “cadeira”, “mesa” ou “estante”. É antes parte de nova topologia de mobiliário escolar mais adequada às necessidades tecnológicas das salas de aula: a estação interactiva multimédia.
“O Netboard é uma estação interactiva que integra todos os componentes informáticos para fazer funcionar um quadro interactivo numa sala de aula”, diz Pedro Sottomayor, o designer do Netboard. Para o pôr a funcionar, “basta ligá-lo a uma tomada”. Armado o braço do projector, o quadro “pode ser regulado em altura, para utilizadores de diferentes estaturas”; essa regulação faz-se apenas com um dedo, graças à utilização de um êmbolo hidráulico. Todos os componentes são trancados por fechadura e os cabos são ocultados para evitar vandalismo e exposição do sistema eléctrico. Há uma versão de parede e uma versão móvel (na fotografia), que, “além de ser regulável em altura, pode ser utilizado em salas diferentes”.
Na prática, o Netboard é um suporte em tubos de aço para um quadro interactivo, um projector de vídeo, um sistema de som e um computador, componentes produzidos por outros fornecedores e que podem facilmente ser actualizados ou substituídos (aumentando o tempo de vida do dispositivo). A Nautilus fê-los convergir num só produto, que vende não como mobiliário, mas como parte de uma solução tecnológica integrada a que chamou Escola Interactiva. Esta inclui também a Uni_Net, uma mesa com computador, monitor e teclado incorporados no seu tampo, cujo design, como o do Netboard, patenteou a nível mundial.
Sob o Plano Tecnológico de Educação, o anterior Governo adquiriu à Nautilus 6000 Netboards 1.0 de parede, fazendo-os chegar a uma em cada três salas de aula do país. Entre ensino público e privado, existem hoje 9000 NetBoards em cerca de 2000 escolas portuguesas.
Mas a Nautilus não se fica por Portugal. Em 2006, ganhou o Worlddidac, o maior prémio mundial dedicado à aplicação das novas tecnologias no ensino, com a carteira Uni_Net. Em 2008, ganhou-o de novo com o Netboard 1.0. E em 2010, com o Netboard 2.1, um upgrade do modelo inicial que vem com um projector de ultracurta distância interactivo, que permite utilizar um quadro normal para escrever. O designer está agora a trabalhar no Netboard 3.0, que será mais universal e adaptável a outros mercados. A Nautilus exportá-lo-á apenas enquanto estrutura, sendo os componentes (hardware esoftware) montados no país de destino.
Por cá, o Netboard ainda está a encontrar o seu lugar entre professores – uns entusiastas, outros ainda resistentes às novas tecnologias- e alunos que não conhecem outro presente que não o interligado e interactivo (ou hiperactivo?). “Com estes quadros”, diz Sottomayor, as crianças podem “ter aulas com conteúdos digitais, vêem vídeos, vão à Internet”, fazendo de cada aula um “mundo de informação” bem diferente das assentes no “branco escrito em cima do preto” de outrora. Uns e outros quadros convivem ainda em muitas escolas, sendo usados muitas vezes em paralelo. Afinal, e tal como uma caneta, um caderno, um teclado e um ecrã, um quadro é só mais uma ferramenta projectada para ensinar e aprender. O que se faz com ela é que importa.
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BI
Netboard
Design
Pedro Sottomayor
Cliente
Nautilus
Datas
2007: Início do processo de design e desenvolvimento
2008: Lançamento Netboard 1.0
2010: Netboard 2.1
2011 (Novembro): Netboard 3.0
+ info: www.nautilus.pt